quarta-feira, 21 de janeiro de 2015

Vigas da Sociedade

Quando paramos de lutar pelo que é justo para fazer uma espécie de guerra dos sexos? O crescimento assustador de feministas defendendo e adotando ojeriza a indivíduos do sexo masculino não é bom, nem para si mesmas, nem para o ideal muito menos para sociedade. Vamos combinar uma coisa? Deixamos a ''guerra dos sexos'' para novela da TV Globo e vamos racionalizar mais sobre as questões que envolvem a sociedade.

A sociedade é constituída de todos os indivíduos que compartilham propósitos, gostos, preocupações e costumes, que buscam o bem-estar cívico e que interagem entre si. Margareth  Thatcher e alguns teóricos marxistas como Ernesto Laclau não acreditam no conceito de sociedade. Eu discordo deles, acredito que todos os indivíduos, independente de sexo, gênero, orientação, etnia e credo, fazem parte dessa sociedade e moldam sua cultura. Somos todos vigas da sociedade. Construímos nossa sociedade, moldamos nossa cultura e evoluímos como comunidade. 

A questão é que, com o aumento do vitimismo e com essa atmosfera de guerra, deixamos de evoluir. O radicalismo toma conta da maioria. Nos tornamos vigas frágeis, prontas para ruir a qualquer momento. Deixamos de buscar o melhor, para agredir e culpabilizar os outros por qualquer situação preconceituosa, vexatória ou de agressão. Um exemplo claro disso é a reação que muitas feministas estão tendo com relação aos homens no geral.

É notório que estamos vivendo em uma cultura sexista, isso é inegável. E que mulheres sofrem com isso, muitas são agredidas e mortas e o seu algoz são homens machistas que as consideram sua propriedade, e por isso eles acreditam poder fazer e poder exigir o que quiserem delas. Isso, contudo, de forma alguma deveria servir de argumento para atacar diretamente qualquer indivíduo do sexo masculino e muito menos para defender atitudes misândricas e para sustentar que homens não sofrem com o sexismo.

Antes de levantar bandeiras, vamos ser razoáveis? Como querem melhorar a situação atual, moldar a cultura para torná-la mas justa se
, ao invés de unir forças, querem segregar? Não tem cabimento ver ativistas de vários movimentos de minoria atacando deliberadamente outros grupos por considerá-los culpados de todos os males da sociedade. Não se ganha nada com essas atitudes.

Socialmente
, mulheres são tão culpadas pelo machismo na nossa cultura quanto os homens, porque ambos fazem parte da nossa sociedade, ambos tem a capacidade de moldar a cultura. Mas o que eu vejo é uma dificuldade enorme de assimilar contextos básicos e dialogar. De certo que mulheres não forjaram, mas elas nutrem e o mantém vivo na cultura junto com os homens. Somos tão culpadas pela manutenção de uma cultura sexista quanto os homens, mesmo que sejamos em sua maioria vitima da mesma.

Eu vejo vários homens tentando dialogar e sendo silenciados, sendo atacados por mulheres que se acham ativistas feministas e se acham no direito de fazê-lo pelo simples fato de se vitimizar e generalizar de forma a serem completamente injustas. Eu não acredito que este seja o caminho e não acredito que estas ativistas estejam militando em prol do bem estar da sociedade. Elas militam é em prol da guerra, da confusão, da briga e do retrocesso. Todos os males da sociedade só serão desconstruídos com o apoio da maioria. 

Não existe desculpa para misandria, não adianta quantificar mortes para relevar ações preconceituosas. Relevar atitudes preconceituosas mostra-se hipócrita no momento que se critica outros preconceitos. Como podemos ultrapassar barreiras, impondo mais barreiras? Como podemos moldar uma cultura mais igualitária se você segrega mais a sociedade em seu ativismo? Devemos nos posicionar socialmente, ajudar mulheres que sofrem agressões, levantar bandeiras para assuntos importantes, mas também devemos agregar todos os indivíduos, independente do sexo. Essa atmosfera de guerra fomentada por parte das feministas só serve para aumentar o preconceito na sociedade ao invés de desconstruí-lo.

Não somos divididos em oprimidos e opressores, somos todos vitimas e responsáveis, pois somos todos nós, juntos, as vigas da sociedade.


segunda-feira, 12 de janeiro de 2015

Islã: Além do véu

 A esquerda adora citar islamofobia. Grande parte está sempre dizendo que Israel e os EUA são os verdadeiros opressores e que o islã - que, em suas palavras, é uma religião pacifica - são oprimidos por um povo que tem intolerância religiosa. Curiosamente, o próprio presidente dos EUA defendeu que a maioria dos muçulmanos são pacíficos. Mas...Será que são mesmo?
 
 

Por um desejo de vender uma imagem de politicamente correto, grande parte das pessoas cometem o erro de vitimizar uma cultura que está longe de ser vitima. Tudo que ocorre no mundo relacionado a muçulmanos, de imediato, culpam fatores externos e até mesmo as próprias vitimas. Nunca, para esses, a culpa é do Islã. Não tenho intenção de debater em si os atos de terrorismo, e sim a relação entre a cultura muçulmana e as mulheres. 
 

No nível intelectual, a religião Islã foi expressada por seu fundador, Mohamed, como uma demolição de todos os outros deuses. O politeísmo tinha que acabar, e toda a humanidade tinha que ser unida sobre um único deus, Allah. Seus líderes dão exemplos tão ruins que não tem como caracterizar suas atitudes como pequenos detalhes da religião. Temos o maior estado sunita, a Arábia Saudita, que se caracteriza como a mais extraordinária sociedade-prisão. O fato é que as pessoas que tomam decisões e pregam a religião são pessoas como o sheik Al-Qaradawi, que fala coisas abomináveis na TV. O problema é que o Islã é instável e isto esta longe de ser um acidente, algo pequeno, um detalhe ou minoria. 



 A grande maioria da população muçulmana defende a Lei de Sharia. Sharia é um termo árabe que significa "caminho", mas, que historicamente, dentro da religião islâmica, tem sido continuamente empregado para se referir ao conjunto de leis da fé compreendida pelo Alcorão que rege todos os aspectos da vida de um muçulmano, questões como casamentos, ritos religiosos, heranças e também penas para diferentes tipos de crimes, de acordo com a interpretação e vontade de cada país. Exemplos como chicotear uma mulher por aparecer sem a vestimenta adequada em público, ou assassiná-la por suspeita de cometer adultério são contidos nesse sistema. Até mesmo o simples ato de beber uma taça de vinho é considerado crime. Seus princípios não podem ser questionados nem relativizados à luz de traços culturais. Por isso são, até hoje, um instrumento útil para calar as mulheres em países nos quais vigora o regime teocrático. 
 
 

A bem da verdade, a cultura islâmica é excessivamente patriarcal. Ela coloca mulheres como propriedades dos homens em todos os aspectos da vida. O cenário é o pior possível e os níveis de analfabetismo em mulheres são execráveis! Meninas são proibidas de ir à escola, são impedidas de trabalhar e andar pelas ruas sozinhas. Milhares de viúvas dependem de esmolas ou morrem de fome. Mulheres tem seus dedos decepados, pois é proibido pintar as unhas. Por qualquer suspeita de transgressões, mulheres são espancadas ou executadas. Milhões de mulheres vivem em regime de submissão absoluta há muito tempo, e elas não podem fazer absolutamente nada por medo de morrer, de serem espancadas, perderem seus membros ou ficarem deformadas. E não para por aí! Meninas de 8-9 anos são prometidas para homens adultos, se tornam esposas antes de se tornarem adolescentes, assim como Mohamed que se casou com uma menina de 6 anos como consta no Alcorão. A partir dessa mesma idade elas são obrigadas a usar o jihab.

 ''Ó Profeta, dize a tuas esposas, tuas filhas e às mulheres dos crentes que (quando saírem) se cubram com suas mantas; isso é mais conveniente, para que distingam das demais e não sejam molestadas;'' (Alcorão 33;59) 

Em suma, no Islã o estupro não é considerado crime. O propósito do jihab é uma espécie de marcação de gado, separando mulheres casadas com maridos muçulmanos de mulheres escravas que eram capturadas na guerra. As primeiras eram propriedade de seus maridos e intocáveis, porém as últimas eram presas legítimas para qualquer um. Para um muçulmano, a burca é uma espécie de sinal que significa ''propriedade de um homem, apenas meu marido pode me estuprar’', enquanto a ausência de burca significa ''sexo grátis, use e abuse''. É comum casamentos forçados, mutilação genital feminina, dotes pagos pela noiva, crimes de honra e criminalização das vítimas de estupro. Tais questões são defendidas por grande parte dos muçulmanos.

O mais curioso que pude notar, apesar de ser uma religião extremamente patriarcal, é que alguns trechos - poucos - do seu livro remete a uma ideia que foge da ojeriza ao feminino e do sexismo, algo que não ocorre na bíblia, como a questão da menstruação e a culpa da Eva pelos pecados. No Alcorão não culpam a mulher pelos pecados - como ocorre em 1 Timóteo 2:12 -, culpa Satanás e coloca como vítima tanto o homem quanto a mulher. E a menstruação não é transformada em algo impuro. Porém em outros momentos demonstra clara opressão ao feminino, ao corpo e aos direitos da mulher. Apesar de alguns versículos de paz, eles são superados em longa escala os versículos de violência. Não tem como negar a existência do ódio mais puro no Alcorão. 


Milhares de jovens tiveram suas vidas arruinadas por homens pelos motivos mais absurdos, como por exemplo o caso de Najaf Sultana que foi queimada pelo próprio pai enquanto dormia aos 5 anos de idade simplesmente porque ele não queria ter outra filha. Mulheres são queimadas com ácido por disputas de família, por tentar se divorciar de seus maridos, por andar sozinha nas ruas ou simplesmente por não querer se casar com o pretendente. A justificativa desses homens é simplesmente deformá-las ao ponto delas não serem mais aceitas socialmente e sentenciá-las a uma vida de dor e sofrimento. Grande parte dessas mulheres tiveram que se submeter a 20 ou mais cirurgias para voltarem a enxergar, respirar melhor ou até mesmo para comer. 

Nesses países, o descaso é tão absurdo que em apenas 2% desses casos alguém recebeu punição. Seus agressores, que geralmente são seus maridos, pretendentes e familiares, normalmente saem livres de seus atos. Infelizmente, a mulher continua sendo tratada como um ser de última categoria, e qualquer tentativa de mudar este comportamento pode levar a consequências muito tristes. 

Outro exemplo foi Malala Yousafzai, recebeu recentemente o Prêmio Nobel pela defesa dos direitos humanos das mulheres e do acesso à educação na região do Paquistão, onde os talibãs impedem jovens de frequentar a escola. Em 2012 foi vitima de um atentado, levando 3 tiros. Outra mulher que ficou conhecida por sobreviver ao terror do Islã e não se calar foi ativista feminista, Ayaan Hirsi Ali.

É absurda a ideia de alguns que colocam, como se o que um muçulmano faz de errado não é culpa do Islã. Mais absurda é a ideia de colocar esse tipo de radicalismo como minoria. Dizer que é uma religião de paz é negar a realidade, simplesmente essa ideia não condiz com a realidade de milhares de mulheres no Mundo que são submetidas a torturas físicas e psicológicas por seus esposos e familiares baseando-se na religião. É inconcebível chegarmos ao ponto em que vemos pessoas tentando ponderar atitudes de uma cultura que, em sua maioria, mata, oprime e agride tantas mulheres. É inconcebível vitimizar o algoz. Esse radicalismo não é minoria, é maioria. Não se trata de paradigmas, teorias ou interpretações equivocadas do Alcorão e sim de fatos reais e históricos.

segunda-feira, 5 de janeiro de 2015

Amélia era a mulher de verdade.


Calma! Espera ai, vamos conversar melhor sobre isso.

Se lhe falarem que você é uma Amélia, o que pensará? Assim como eu, provavelmente, ficará um pouco irritada, pois o estereotipo é de uma mulher  frágil, dona de casa, submissa, sem escolhas, programada para apenas cuidar e servir a sua família, lavar, passar, cozinhar e parir de acordo com o que a sociedade antigamente exigia e considerava que por isso a mulher existia, para ser auxiliar do homem, para servi-lo, aquela bobagem toda de que a mulher veio da costela do Adão.

Amélia se transformou em um estereótipo,  mas a verdadeira Amélia esta muito longe dessa ideia de mulher. Amélia se tornou muito conhecida na música ''Ai que saudades da Amélia'' de 1949 de composição do  Ataulfo Alves e Mário Lago.  

Mas, recentemente, quando ouvi a música, eu tive curiosidades de saber mais, e foi ai que descobri que a musica vem de uma brincadeira  de Almeidinha¹,  que, quando falava-se entre os amigos sobre mulher, ele falava sorrindo:  “Ai, a Amélia! Aquilo sim é que era mulher! Lavava, engomava, cozinhava e não reclamava”.

Amélia Ferreira, uma lavadeira e faxineira que trabalhava na casa de  Almeidinha. De acordo com relatos, ela era casada e batalhava para sustentar seus 13 filhos (Que falta uma televisão e internet não faz na vida de um casal), guerreira e que não dispensava ir ao cinema e se divertia nos blocos carnavalescos com o apoio do esposo.

Amélia é a representação das mulheres batalhadoras, que trabalham, cuidam da casa, da família e ainda arrumam tempo para se divertir.  De fato, Amélia era uma mulher de verdade.

Temos muitas Amélias no mundo, muitas mulheres trabalhadoras, guerreiras, sofridas, que se esforçam para cuidar dos seus filhos. São mulheres que conhecemos diariamente nos nossos trabalhos, na rua, na faculdade, em suma, em todos os lugares. Somos todas um pouco Amélia.

 Quando Amélia de Mário Lago virou erroneamente a “mulher submissa” em algum lugar do passado,  esse tipo de ideal de mulher submissa era referente à nossa cultura machista. Onde as mulheres eram doutrinadas a serem e se sentirem inferiores aos homens, seja no social, na política e na família. O conceito de mulher na época era exatamente o estereótipo que fora erroneamente designado a Amélia.

Trazendo a questão para os tempos atuais, as mulheres devem ser livres para decidir se devem ser Amélias ou apenas donas de casa. Feministas lutaram séculos para desconstruir a ideia de mulher submissa, mas não para querer ditar como uma mulher deve ser e agir no seu lar. As mulheres devem ser livres. Livres para escolher se querem ser ''Amélias Ferreiras'', ou se querem ser donas de casas. É importante darmos a nós o direito de escolher e não achar que é errado uma mulher querer ser dona de casa e cuidar dos filhos, assim como não é errado uma mulher querer ser uma executiva, desde que ambas decisões venham dela e não por uma imposição social e/ou religiosa, nem da família.







¹Irmão da cantora Aracy de Almeida


Perdas, tempo e sociedade

Sabemos que, como sociedade, evoluímos além da ideia de que mulheres são propriedades, que o que nós sentimos, o que acontece conosco, importa. Não podemos negar que, durante os anos, nós evoluímos como sociedade e fomos, com o tempo, tomados por uma consciência  da opressão  das mulheres, acompanhada da vontade de instaurar  a igualdade dos sexos em todos os domínios, a médio ou a longo prazo.

Aquela cultura que dominava e domesticava as mulheres e que as confinavam na esfera do privado se tornou obsoleta em grande parte. No passado, quando discutiam o voto das mulheres e usavam como argumento que caso as mulheres conquistassem direitos na política, seja se elegendo ou votando, seria a destruição da família. Ora, “frívola mania” das mulheres de se aplicarem a temas para os quais parecia que a natureza não as formara, em um desvio dos verdadeiros fins para que foram criadas,  que a mulher não possuía capacidade, pois não tinha, no Estado, o mesmo valor que o homem.

Os séculos foram passando, muitos direitos conquistados, mas em um certo momento acabamos nos perdendo como sociedade em vários sentidos.  Nos perdemos no tempo, nos perdemos na luta, e deixamos de evoluir como indivíduos em vários aspectos, principalmente referente à liberdade individual.

Nos perdemos no tempo, quando alguns indivíduos ainda hoje acham que a mulher é uma auxiliar do homem, que foi feita para ser dona de casa e para servi-lo. Nos perdemos quando ainda hoje vemos casos de violência domestica onde o motivo é claramente o machismo. Nos perdemos quando as pessoas se acham no direito de humilhar uma mulher por causa de um vídeo de sexo. Nos perdemos quando, existem culturas que as mulheres, ainda hoje, não tem voz. Nos perdemos, por outro lado, quando passamos a vitimizá-las a ponto de não saber a diferença do hoje para o passado, defendendo uma opressão tamanha que não é real.

Nos perdemos na luta, deixamos muitas vezes de lutar por igualdade, deixamos de exigi-la para pedir privilégios, cotas. Nos perdemos quando achamos que tudo bem ser preconceituosa, afinal fomos e somos vitimas de preconceito. Nos perdemos quando queremos silenciar os homens com a desculpa de que ontem e ainda hoje por vezes somos silenciadas. Nos perdemos quando defendemos misandria, ódio, raiva. Nos perdemos quando vemos uma mulher frágil precisando de ajuda e usamos ela para nossa luta. Nos perdemos quando, ao invés de batalharmos para um país mais igual, apoiamos um governo que adora segregar a sociedade. Nos perdemos quando deixamos de ouvir.

Talvez você não se identifique com tudo que eu disse - eu particularmente não -, mas muitas são assim, e quando temos dois lados extremos guerreando, como se tudo fosse uma disputa de quem sofre mais, nós perdemos como sociedade.



''Qual o lugar da mulher na sociedade? Eu espero que os defensores das liberdades civis reconheçam que esta é uma pergunta estranha. Você pode até não perceber como essa pergunta é estranha até que você reverta. Qual o lugar do homem na sociedade? Lugar do homem? A sociedade é composta de seres humanos, como um ser humano tem um lugar nele? ''  Joan Keneddy Tayler

O papel do homem no Feminismo - Vol.01

Pensei muito sobre o que eu deveria escrever primeiro neste blog, são tantas pautas a serem discutidas e tantas coisas que eu quero escrever que por vezes me perdi escrevendo um texto com mais de um assunto e outras sucumbi a eterna dúvida: ''Por onde começar?''

Existe uma atmosfera de debates dentro dos feminismos, dentre vários motivos, como por exemplo métodos para chegar aos seus objetivos e a inserção de um Estado paternalista. Mas o assunto que mais gera discussão é de fato os homens. Então resolvi começar por responder qual é o papel do homem no feminismo.

Em pleno século XXI, ainda estamos discutindo o sexo dos anjos. A bem da verdade esta discussão não é muito antiga visto que outrora homens tiveram papel importante na conquista dos direitos das mulheres. Bem disse Carlota Pereira ao subir no púlpito quando se se tornou a primeira mulher a ser eleita Deputada Federal no dia 13 de Março de 1934.

''Além de representante feminina, única nesta Assembléia, sou, como todos os que aqui se encontram, uma brasileira, integrada nos destinos do seu país e identificada para sempre com os seus problemas. (…) Acolhe-nos, sempre, um ambiente amigo. Esta é a impressão que me deixa o convívio desta Casa. Nem um só momento me senti na presença de adversários. (...)Num momento como este, em que se trata de refazer o arcabouço das nossas leis, era justo, portanto, que ela também fosse chamada a colaborar. (…)''

Dentre outras coisas em seu discurso, ela evidencia o papel do homem ao ajudar as mulheres na conquista do voto. Durante a Constituição de 1890 a discussão sobre o voto foi intensa, os adversários do voto feminino na época declaravam que, com ele, se teria decretada ''a dissolução da família brasileira''. Mas naquela época as mulheres que lutavam pelos seus direitos não estavam sozinhas, os homens políticos emprestavam suas vozes para lutar pelo direito delas. Homens como Juvenal Lamartine, Saldanha Marinho, Nilo Peçanha, Érico Coelho, César Zama e Fonseca Hermes.

Nas eleições para a Constituinte de 1933, elegeu-se, entre “os deputados do povo”, apenas uma mulher, Carlota Pereira de Queiroz, por São Paulo. Outra candidata, Berta Lutz, alcançaria a primeira suplência, pelo Distrito Federal.

Em outros tempos e em outros lugares do Mundo também surgiam homens que lutavam ao lado de mulheres, foi assim com  Marquês de Condorcet, Heinrich Cornelius Agrippa von Nettesheim, John Stuart Mill, Jeremy Bentham, François Poullain de la Barre dentre outros...

Ao longo dos anos as mulheres tiveram que lutar muito para ter seus direitos prevalecidos. Mas onde elas não alcançavam, seus aliados iam, e onde elas alcançavam, eles estavam a apoiá-las. Historiadores, inclusive, chamam Marques de Condorcet como o pai do feminismo pelas suas inserções em prol das mulheres na época da Revolução Francesa. Stuart Mill foi o fundador da Casa dos Machos Feministas. É curioso notar que este discurso de exclusão do sexo masculino é de vertentes recentes que se baseiam em conceitos de esquerda, onde divide a sociedade entre ''bem e mal'' como se estivéssemos em um conto infantil real.

 A sociedade é muito mais do que uma guerra de gêneros. Somos todos juntos, independente do gênero, orientação, etnia e credo, partes importantes na sociedade e na cultura. Se nossa luta é para moldar a cultura de forma que seja mais pluralizada, mais aberta e menos preconceituosa, não podemos lutar achando que, agredindo, vamos conquistar algo de produtivo, porque não vamos. Não se lava sangue com sangue, não se luta contra o preconceito com mais preconceito.

Parece-me que algumas feministas esquecem da história do próprio ideal e sucumbem em uma rede de ódio ao gênero masculino, desde as mais brandas, que só dizem que homem não pode participar e que misandria é uma reação, até as mais radicais, que dizem que homem bom é homem morto ou que só servem para praticar sexo oral. O que me surpreende nesses discursos é a facilidade de serem propagados e comprados por outras pessoas, as vezes até por homens.

É importante frisar que a ideologia visa desconstruir o machismo da sociedade, mas, acima de tudo, ela visa igualdade de direitos e deveres e liberdade para todos os indivíduos decidirem suas vidas como bem entenderem e não seguindo uma cartilha retrograda de uma cultura sexista que ainda se mantém até os dias de hoje. O feminismo é sim uma busca para colocar mulheres em pé de igualdade com os homens, mas isso não quer dizer que devemos silenciá-los dentro do movimento, pois eles certamente também sofrem com o machismo e fazem parte da sociedade, e nem fazer guerra de quem sofre mais. Quantificar sofrimento não é argumento para silenciar e agredir os homens.


Mas como podemos lutar para sermos vistas como indivíduos se julgamos o próximo pelo gênero? Será que muitas não estão tento as mesmas atitudes que criticam? Se desejamos uma sociedade mais livre, não será excluindo indivíduos que iremos consegui-la. A história já mostra que é possível homens feministas, e que eles foram importantes na luta também, que foram grandes apoiadores e, a esses, devemos agradecer, pois se temos hoje nossos direitos, devemos uma parcela, nem que mínima, a esses homens guerreiros do passado. 

E se hoje desejamos ter um amanhã, é imprescindível largar o discurso de ódio, a segregação por gênero e nos unirmos como seres humanos abertos para falar e para ouvir as mulheres mas também os homens.


domingo, 4 de janeiro de 2015

Biblioteca



@ Links:
Feminismo Libertário (individualista) de 1860 à 1910 (Libertarianismo.org)
http://goo.gl/u9cMgl
Feminismo Libertário: esse casamento pode ser salvo? (Libertarianismo.org)
http://goo.gl/jNh4Ad
História do Feminismo: Protofeminismo
https://goo.gl/gmOsrg
Feminismo Individualista: Uma Tradição Perdida
https://goo.gl/pBili0
Libertarian Feminism (Sharon Preslay)
http://goo.gl/JuPqVY
Liberal Feminism
http://goo.gl/t6pDlK
Wendy McElroy: Feminist History Revisited
https://www.youtube.com/watch?v=SgTsJSSte28
Mary Wollstonecraft's Vindication of the Rights of Woman
https://www.youtube.com/watch?v=--zahwzOYRA
Joan Kennedy Taylor on Libertarian Feminism
https://www.youtube.com/watch?v=wLjXMQSssKA
Wendy McElroy defends pornography for women
https://vimeo.com/88751202
Joan Kennedy Taylor: Pornography Versus Censorship
https://www.youtube.com/watch?v=wxrAfzioF6A
Joan Kennedy Taylor: Women in a Free Society
https://www.youtube.com/watch?v=-IJeNDkLcnU
Factual Feminist
https://www.youtube.com/watch


@ Links de livros:









Vídeos





Mary Wollstonecraft's Vindication of the Rights of Woman


Wendy McElroy defends pornography for women.




Wendy McElroy: Feminist History Revisited






Joan Kennedy Taylor on Libertarian Feminism




Joan Kennedy Taylor: Women in a Free Society




Joan Kennedy Taylor: Pornography Versus Censorship






sexta-feira, 2 de janeiro de 2015

Quem sou



QUEM SOU?

Meu nome é Juliana, sou balzaquiana e carioca.

Uma feminista individualista, sex-positive e liberal. Capitalista e gradualista.

Laicista, ateia agnóstica e humanista.

Fundadora do Clube das Feministas.

 Viciada em internet, sorvete e amante dos felinos e outros bichanos.

 Contra o politicamente correto, mas a favor do bom senso e respeito aos indivíduos. Liberdade individual e econômica.

Sonho em ter uma ONG, relacionado a educação politica e sexual para mulheres de periferia e zona rural, e ser mãe.



''Ser mediano não é condição aceitável, assim como não me incomodar com injustiças e castrações de liberdades. Não nasci pronta pro mundo, mas me tornei com o tempo e ninguém vai tirar minha voz.''  (Juliana)




O BLOG


O blog surgiu do incentivo de amigos próximos para que eu tivesse um espaço para expor as minhas opiniões com objetivo de refletir sobre assuntos pertinentes aos feminismos, sociedade, cultura e pensamentos aleatórios sobre vários assuntos que cercam relacionamentos e mulheres.

 A proposta é ter um espaço onde posso expor meus textos e minhas opiniões.



'' As vezes algo pequeno lança uma enorme sombra.''



O FEMINISMO INDIVIDUALISTA


Feministas individualistas (às vezes chamadas de feministas libertárias) são feministas que enfatizam o individualismo, são próximas a  ideologias libertárias e liberais. São pró-capitalistas e anti-estado, elas tentam mudar os sistemas jurídicos a fim de eliminar os privilégios de classe e privilégios de gênero para que os indivíduos tenham os mesmos direitos. Se opõe ao paternalismo estatal e apoia a liberdade individual, liberdade de expressão e liberdade sexual. O feminismo individualista tem suas raízes no liberalismo antiescravista e anarcoindividualismo do século XIX.




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