segunda-feira, 5 de janeiro de 2015

Perdas, tempo e sociedade

Sabemos que, como sociedade, evoluímos além da ideia de que mulheres são propriedades, que o que nós sentimos, o que acontece conosco, importa. Não podemos negar que, durante os anos, nós evoluímos como sociedade e fomos, com o tempo, tomados por uma consciência  da opressão  das mulheres, acompanhada da vontade de instaurar  a igualdade dos sexos em todos os domínios, a médio ou a longo prazo.

Aquela cultura que dominava e domesticava as mulheres e que as confinavam na esfera do privado se tornou obsoleta em grande parte. No passado, quando discutiam o voto das mulheres e usavam como argumento que caso as mulheres conquistassem direitos na política, seja se elegendo ou votando, seria a destruição da família. Ora, “frívola mania” das mulheres de se aplicarem a temas para os quais parecia que a natureza não as formara, em um desvio dos verdadeiros fins para que foram criadas,  que a mulher não possuía capacidade, pois não tinha, no Estado, o mesmo valor que o homem.

Os séculos foram passando, muitos direitos conquistados, mas em um certo momento acabamos nos perdendo como sociedade em vários sentidos.  Nos perdemos no tempo, nos perdemos na luta, e deixamos de evoluir como indivíduos em vários aspectos, principalmente referente à liberdade individual.

Nos perdemos no tempo, quando alguns indivíduos ainda hoje acham que a mulher é uma auxiliar do homem, que foi feita para ser dona de casa e para servi-lo. Nos perdemos quando ainda hoje vemos casos de violência domestica onde o motivo é claramente o machismo. Nos perdemos quando as pessoas se acham no direito de humilhar uma mulher por causa de um vídeo de sexo. Nos perdemos quando, existem culturas que as mulheres, ainda hoje, não tem voz. Nos perdemos, por outro lado, quando passamos a vitimizá-las a ponto de não saber a diferença do hoje para o passado, defendendo uma opressão tamanha que não é real.

Nos perdemos na luta, deixamos muitas vezes de lutar por igualdade, deixamos de exigi-la para pedir privilégios, cotas. Nos perdemos quando achamos que tudo bem ser preconceituosa, afinal fomos e somos vitimas de preconceito. Nos perdemos quando queremos silenciar os homens com a desculpa de que ontem e ainda hoje por vezes somos silenciadas. Nos perdemos quando defendemos misandria, ódio, raiva. Nos perdemos quando vemos uma mulher frágil precisando de ajuda e usamos ela para nossa luta. Nos perdemos quando, ao invés de batalharmos para um país mais igual, apoiamos um governo que adora segregar a sociedade. Nos perdemos quando deixamos de ouvir.

Talvez você não se identifique com tudo que eu disse - eu particularmente não -, mas muitas são assim, e quando temos dois lados extremos guerreando, como se tudo fosse uma disputa de quem sofre mais, nós perdemos como sociedade.



''Qual o lugar da mulher na sociedade? Eu espero que os defensores das liberdades civis reconheçam que esta é uma pergunta estranha. Você pode até não perceber como essa pergunta é estranha até que você reverta. Qual o lugar do homem na sociedade? Lugar do homem? A sociedade é composta de seres humanos, como um ser humano tem um lugar nele? ''  Joan Keneddy Tayler
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