sexta-feira, 25 de março de 2016

Carta aberta a Verinha Kollontai

~Carta aberta a Verinha Kollontai ~

Meu nome é Juliana, tenho 32 anos, nascida e criada no Rio de Janeiro. A despeito do povo da esquerda e os psolistas não temos genocídio negro no Rio de Janeiro. Muito tem se falado a respeito do Rio devido aos assaltos, arrastões e o menino que foi morto na favela, muito tem se santificado e vilãnizado grupos sociais a troco de fazer uma guerra de classes, sexos e etnias.

Antes de entrar no mérito, o meu estado é um dos estados mais multiculturais que eu conheço. Temos em um espaço pequeno demográfico pessoas de todas as classes sociais e etnias. Estou dizendo isso não para negar preconceitos como misoginia, racismo, etc...Mas sim para mostrar que o RJ tem uma miscigenação enorme.

Os jovens se envolvem com o crime não pq são oprimidos, eles se envolvem pq são cativados com as oportunidades de ganhar dinheiro fácil e pela adrenalina. Se envolvem pela diversão que acreditam ter e não pq falta algo em sua casa. Não são apenas jovens de favela que se envolvem com o mundo do crime, os jovens do ''asfalto'' (gíria da favela) também se envolvem, são mulas, traficantes, aviãozinho... Não é fator principal e nem determinante para um jovem ser criminoso, morar na favela. E afirmar isso não é só um erro como também é preconceito.

Existe desigualdade no Brasil, mas especificamente no RJ? Claro que existe e sinceramente meu pensamento com relação a isso é bem niilista, não acredito em um Mundo onde não existirá desigualdade. De qualquer forma, não tem cabimento tais comentários.

Quando ela diz que a burguesia é composta por brancos e o proletário é negro me vem um embrulho estomacal e a vontade de perguntar: Já subiu numa favela?

Pois é, eu já subi em algumas favelas. Eu já morei na segunda quadra da praia do bairro mais valorizado do Rio de Janeiro e já morei no pé do morro. Já subi morros como por exemplo o Salgueiro, Rocinha e Vidigal. Passo todo dia pela Cidade de Deus. É um erro crasso querer usar o recorte de classes e étnico como a esquerda faz para basear opiniões como esta. Quando você se baseia em recorte de grupos sociais colocando todos com uma determinada característica como oprimido ou opressor você anula não só a vivencia particular de cada um como também o próprio individuo.

Esses jovens que entram para o crime, que fazem arrastão na praia não são resistência, não existe nada político em suas atitudes. São pessoas que querem dinheiro fácil, que não se importam de fazer maldade com outros indivíduos. Não dê desculpas a atitudes execráveis como esta. É absurdo ver pessoas relativizando esse tipo de atitude e achando que justifica roubar os pertences dos outros por achar que esses outros são ricos. Pessoas realmente ricas no Rio de Janeiro não frequentam praias da Capital e mesmo se fosse o caso, não existe justificativa para relativizar crimes.

Acho curioso não só a analise sobre os pobres do Rio de Janeiro mas a ideia preconceituosa de diminuir as pessoas por serem pobres e inocentá-las. Contar dinheiro pra passagem, ter sonhos materiais e viver na favela não te faz bandido, o que te faz bandido é tua personalidade, seu caráter. O que te faz bandido não é o que você tem ou deixa de ter e sim o que você é.

A burguesia não rouba ninguém, estas mesmas pessoas que trabalham para ter seus luxos, muitos tiveram a sorte de nascer em boa família outros cresceram pelos seus próprios méritos. Eles não roubam pobres, eles não exploram. Quem explora é o Estado, quem rouba é o Estado, quem financia a violência muitas vezes é o Estado. Culpe a quem tem culpa. Ter salários miseráveis, aturar um transporte por horas e lotado, contar o dinheiro para comprar o que necessita não faz a pessoa virar criminosa.

Quando você esteve no RJ devia ser cega. As praias da Zona Sul são frequentadas pelos moradores dos bairros em questão e moradores da Zona Norte que pegam metro para ir a praia. Pois é, grande parte dos frequentadores das praias são moradores da Zona Norte e favelas. É impossível afirmar que só existiam pessoas brancas na praia, até pq além da questão que falei acima somos majoritariamente miscigenados, somos de maioria parda. Então querida, o Rio de Janeiro que você foi em 2011 não foi o meu Rio de Janeiro.

A apelação a escravidão é uma coisa tão rotineira que fico pensando se não tem outro argumento para respaldar sua opinião. Vários povos foram escravizados não apenas negros, e negros escravizaram negros. O povo da favela não é só negro, o proletariado não é só negro e os ricos não são só brancos, parem de fazer esse tipo de recorte preconceituoso e racista.

Só de achar que o Mundo irá ser menos desigual com ideologias socialistas já mostra a limitação histórica e cognitiva da pessoa. Tantos exemplos bons do socialismo #sqn. Vamos falar do autoritarismo estatal em países socialistas? Castração de liberdades? Economia? Vamos falar como gays são super bem tratados nesses regimes? É deixa pra lá, melhor não falar nada e viver numa bolha colorida e cheia de inverdades. O Fantástico Mundo da Kollontai.

Ir contra comentários absurdos como os que algumas pessoas andam postando sobre o assunto não quer dizer que as pessoas são reaças e ameaças vindas de internet também não. As maiores ameaças que já recebi na internet vieram de pessoas de esquerda. Feministas coletivistas não cansam de dizer que vão me achar no Rio de Janeiro para me ''ensinar''. Recebi inclusive vídeo de ameaça de estupro vindo de pessoas da esquerda. Então vamos parar com essa demagogia barata de colocar culpa em ideal político quando são os indivíduos que agem. Vamos parar com essa demagogia barata de colocar a culpa na sociedade, na burguesia, no capitalismo, nos brancos e colocar a culpa nos indivíduos que cometem o crime. Não é resistência, não é troco, não é por necessidade. E pare de falar de onde e do que você desconhece.

*Link do texto:https://www.facebook.com/permalink.php?story_fbid=888738577884799&id=564161453675848&substory_index=0
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