sexta-feira, 25 de março de 2016

Resposta ao Rodrigo Constantino

>> Resposta ao Rodrigo Constantino <<

"A visão que transforma a mulher agredida em vítima indefesa incapaz de reagir, ainda que legalmente ou pulando fora da relação doentia, não vai contra o feminismo tradicional que tenta fortalecer as mulheres?’" (Rodrigo Constantino)

Vejo com uma certa curiosidade a capacidade de simplificar relações humanas que algumas pessoas atualmente têm. Ora, veja a simplicidade com que o Rodrigo Constantino expõe sua infeliz opinião a respeito da violência contra a mulher, negando e ignorando toda a questão sexista e psicológica que envolve relacionamentos abusivos. Triste ver esse tipo de texto em blogs de pessoas que tem uma certa representatividade, inclusive com pessoas novas.

Sem muitos rodeios e apresentações a parte, é importante dizer que existe uma diferença entre entender todas as variáveis e situações que fazem mulheres permanecerem em relacionamentos abusivos e impulsioná-las a superar isso. Entender uma coisa não abona a outra, como ele tentou convencer em seu texto. O fato delas serem vitimas da situação e entender isso não impede que possamos incentivá-las a sair dessa situação e elas se verem mais do que como vítimas, se verem com superação.

Quando li o começo do texto logo pensei: "Quem em sã consciência acredita que uma mulher agredida permanecerá numa relação abusiva por pura escolha consciente tendo outra opção?" Do tipo: "Estou apanhando aqui, tendo meus ossos quebrados e hematomas pelo corpo todo, mas estou feliz nesse relacionamento abusivo." Que merda você tem na cabeça???

Existe uma série de fatores que fazem com que mulheres continuem com seus agressores: financeiras, culturais, religiosas e emocionais. As mulheres que se mantêm, por vezes se culpam.

Em um jogo de manipulação, o abusador convence por vezes suas mulheres de que a culpa é delas. Com o psicológico abalado e baixa auto-estima, elas acabam por acatar tudo o que eles dizem. Algumas, por temerem, e outras por não terem a quem recorrer. Então vamos parar de relativizar a violência?!

Um absurdo tentar igualar casos em que uma mulher é vitima de seu esposo ou de seu namorado, em que exista um envolvimento amoroso e jogos psicológico, com um caseiro que surtou um dia e atacou seu chefe. Apesar de ambos serem agressões, continuam sendo coisas distintas, com variáveis diferentes e relações mais diferentes ainda.

Caro Rodrigo Constantino, as mulheres violentadas não tem culpa por permanecer em um relacionamento abusivo. Você questiona se isso não vai de encontro com o que as "feministas tradicionais" pregam. E eu lhe respondo: Evidente que não. Pregamos que as mulheres devem se fortalecer, lutar por sua voz, decidir por sua vida e ter liberdade. Mas defender que as mulheres sejam verdadeiras guerreiras em momentos como estes não me cega e nem me tira a empatia e a capacidade de entender os motivos que uma mulher fragilizada se permite apanhar mais de uma vez.

Não vou entrar no mérito de dissertar sobre a violência que a mulher sofre, nem descriminar os fatores socioeconômicos. A questão está além disso. Está em uma pessoa como o Constantino, sem nenhuma vergonha, postar um texto medíocre e sem nenhuma base sobre a realidade das mulheres que sofrem violência. É vergonhoso ver uma pessoa letrada cometer um erro crasso desses.

Quando quiser falar de universo feminino e feminismo, me faça um favor? NÃO FALE!

#TomaVergonhaConstantino

Link: http://rodrigoconstantino.com/artigos/por-que-tantas-mulheres-agredidas-continuam-com-seus-agressores/
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