domingo, 4 de setembro de 2016

SOMOS TODAS FRIDA KAHLO?


Vemos muitas feministas enaltecendo Frida Kahlo, muitas dizem ''Somos todas Frida''. Mas somos mesmo?

Frida Kahlo teve uma trajetória excêntrica e cheia de histórias, amantes e sofrimento. Na sua juventude foi uma mulher a frente do seu tempo, usava roupas que não era de costume, fez esportes por incentivo do seu pai devido a uma doença que a deixou manca, e entrou em uma faculdade. Conheceu Alejandro Gomez Arias, que foi o primeiro amor de sua vida. Em 1925 voltando para casa com Alejandro, sofreu um acidente grave, mas sobreviveu e retomou as suas pinturas inusitadas que consistia em retratar a si mesmo e os seus momentos de forma surrealista. O seu primeiro auto-retrato fizera para Alejandro, como pedido de desculpa apos o mesmo descobrir que fora traído inúmeras vezes por Frida. Ele aceitou o retrato e se reconciliou.

Aos 21 anos, Frida, apesar das seqüelas permanentes do seu acidente, começou a conhecer outras pessoas nas quais foram atraídas ao México pela situação cultural livre da época, e conheceu vários pensadores políticos, exilados, artistas, e encontrando novamente um famoso artista, Diego Rivera. Eles se casaram, mas o casamento deles foi um misto de sonho e pesadelo. Frida vivia exclusivamente para o marido e é assim que ela escolheu viver. Usava roupas que ele gostava, vivia em função da vida dele. Um dia ela descobriu que Diego tivera um caso com sua irmã e resolveu separar e como forma de protesto mudar seu cabelo e sua vestimenta. Não durou muito e ela resolveu voltar para ele tendo um casamento aberto. Ambos se amavam muito mas eram infiéis. Diego não conseguia ser fiel a sua amada e em contrapartida Frida teve inúmeros casos com amigos e funcionários de Diego. Um relacionamento conturbado mas não caracterizado como abusivo como algumas pessoas gostam de citar. A verdade é que a despeito do enorme amor que um sentia pelo outro, eles não conseguiam ser fieis e suas saúdes tornavam as coisas mais difíceis. Ela era apaixonada pelo Mundo, por tudo que tem vida.

Frida nunca se rotulou como feminista e com relação ao comunismo ela só se voltou a ele quando se viu presa em uma cadeira de rodas com dores insuportáveis, viciada em analgésicos e no final de sua vida com medo de ficar sozinha. Ela tinha uma visão do comunismo, acreditando que seria uma comunidade, uma união de pessoas e defender isso não a tornaria sozinha. Ela acreditava que isso a protegeria da solidão.

Apesar do seu estilo diferenciado para época, das suas amizades e de seus quadros de Stalin e Mao, ela de fato nunca foi ativista política durante sua vida.

Uma mulher que sofreu pelas suas enfermidades, pelos seus destemperos e pelas circunstancias do seu casamento, mas nada além disso. Uma artista, uma mulher, uma história.

Eu particularmente a vejo como uma história triste de uma pessoa excêntrica que fez escolhas na vida e arcou com elas. Não gosto de suas obras, acho que tem um peso narcisista muito grande e não a vejo como um ícone feminista, até porque ela não era e nem é.

Se podemos chamar Frida Kahlo de feminista pela sua excentricidade, vida e obra artística? Bom, então chamemos Margaret Thatcher e Ayn Rand de feministas também, pois apesar de suas criticas ao ideal - que naquela época fora mais centrado em vertentes coletivistas e ativistas como Simone De Beauvoir - foram ícones femininos importantes no cenário político e mulheres a frente do seu tempo. Assim, de fato, somando algo para questões políticas e para as mulheres.

Não somos todas Frida.

#NaoSomosFrida

Ps.: Algumas pessoas consideram ela ativista comunista pelo meio em que viveu e os homens nos quais se relacionou: Diego e Trotsky . Eu, particularmente, considero que um ativista é mais do que se relacionar e ter amigos, é militar de fato.
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